A noite

A noite

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Me leva pro mar

É estranho quando alguém vai embora de nossa vida. É estranho porque a pessoa vai embora, mas sempre tem algo que fica. Fica o chinelo que não nos serve, o moletom que não mais nos aquece, o perfume que a gente quer esquecer.  Fica a foto no porta retrato, fica a aliança guardada num canto do quarto, fica a ausência gritando dentro da casa que ficou vazio, fica o silencio das vozes que se calaram, fica o lado esquerdo da cama vazio, fica a saudade doendo no peito e o amor que não foi desfeito. 
E é assim que eu me sinto desde que você se foi e não quis mais voltar. Desde que você seguiu navegando e eu fiquei na areia da praia te olhando ir. Fiquei e não gritei pra que você voltasse, ou que ao menos que me levasse junto mar adentro. É que você não sabe, mas eu tive um medo danado. Medo de ir embora e me perder no mar, e depois não saber mais voltar. Medo das tempestades que poderíamos enfrentar. Fiquei. Mas você também ficou. 
Ficou nos detalhes, que, de fato, são tão difíceis de esquecer. Não se esquece facilmente alguém ainda tão presente, mesmo que distante, mesmo que ausente. Não se esquece facilmente alguém que ainda mora aqui dentro e mora com todos os seus cheiros, chinelos, moletons, retratos e saudades. 
Nos resta a difícil tarefa de desconstruir tudo isso. Difícil porque não se destrói facilmente bons momentos vividos. Tinha la os momentos dificeis, mas quem é que não tem? Tinha lá os momentos de dor, mas tinha muito amor também. 
Queria eu embarcar com você. Ir pra longe. Admirar o mar, o por do sol e as tempestades. Mas perdi você de vista. Não alcanço mais o barco. Ja é tarde agora. 
Foi então que olhando daqui da terra firme percebi que muitas vezes, a gente se perde, pelo medo do mar. Me perdi.


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