A noite

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sábado, 20 de fevereiro de 2016

Alma passarinho


Nunca entendi essa do tempo passar e levar com ele tudo aquilo que nos é importante. Sim, eu sei que ele também traz momentos inesquecíveis e pessoas incríveis, o que eu não entendo é porque logo leva todas essas coisas embora sem nos pedir permissão. 
E, mesmo sabendo disso, eu não aprendo nunca... Vivo acreditando que tudo dura pra sempre e esquecendo que tudo passa. Problemas passam, momentos passam, pessoas passam... E quando passa olhamos pra trás e percebemos o quanto a vida é breve, o mundo pequeno e o tempo apressado demais. Percebemos o quanto tudo muda e como nossas escolhas refletem em outras tantas escolhas. 
Aquilo que parecia estar aqui ontem, já não está há muito, muito tempo. Quantas coisas que julgava importante, quantas coisas me tiravam o sono, outras tantas me davam enorme felicidade e, por não perceber a efemeridade da vida, ou por descuido talvez, deixei passar. As vezes por esquecer que tudo passa e la na frente a gente sente saudade. 
O "la na frente" chegou, e a saudade vive aqui. E tem sido assim sempre. Todas as vezes que penso e percebo quanto o tempo passa, sinto algo aqui dentro e não sei o que é, não sei dar nome ao que sinto. Alias, nunca fui boa em nomear e separar sentimentos. Não sei se é nostalgia, medo, tristeza quem sabe, uma certa gratidão ou só saudade mesmo. As vezes, tudo isso junto, vai saber... São os mistérios da vida, os desafios do tempo...
Coisas que estavam aqui há pouco tempo não estão mais, pessoas que eram tão presentes foram embora, lugares antes tão familiares hoje tão estranhos, momentos tão frequentes antes e hoje tão raros, sonhos e expectativas vividas que hoje não condizem com a realidade, futuros planejados que fugiram ao script. 
Todas essas coisas que me são importantes parecem estar bem próximas, mas basta eu tentar alcança-las pra perceber que não mais existem a não ser aqui dentro de mim. E são tantas coisas, tantos lugares, tantas pessoas que as vezes me pergunto onde cabe tanta coisa. 
Outras vezes penso que não são elas que cabem em mim, sou eu quem caibo dentro delas. Penso que minha alma dança livre, viajando a lugares onde fui feliz e visitando as pessoas que um dia amei. 
É, acho que é isso. Nossa alma sabe... Ela sempre sabe. Basta escurecer aqui dentro que ela voa longe feito passarinho, lá onde o tempo não existe, e volta colorindo tudo com uma aquarela chamada saudade. E a gente sorri grande. E entende que só a nossa alma e somente ela, é capaz de enganar o tempo. 

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Um reencontro de almas


Hoje sonhei com você... Fazia tempo que não aparecia, senti sua falta.
Como de costume, você estava lindo. Mais lindo do que os olhos podem ver. Era dentro, sabe? A beleza de fora eu não lembro muito. Não tive tempo de reparar, seu olhar me tomou todo o tempo... 
Sem dizer uma só palavra você me disse tudo. 
Meu olhos assim como os seus, disseram tudo. Você entendeu. Durante todo aquele tempo em silêncio você me entendeu. Nossos olhos não se desviaram um segundo. 
Perdi as contas de quantas vezes pedi a Deus pra reencontrar você uma ultima vez pra colocar tudo em ordem, se é que depois de você possa haver ordem aqui. 
Já tinha a certeza que Deus não poderia me escutar. Ou que me escutando, eu não merecia. Seria justo, bem sei... Tive chances demais e desperdicei. 
Eu só não sabia que nosso encontro seria de almas ao invés de corpos. Eu não sabia que você, por ter o orgulho impregnado no corpo, viria sem a capa. Somente alma. Foi lindo te ver, e rever alguém que eu não via há anos. 
Quando te vi nos últimos tempos e depois de tanto tempo, não te reconheci. A luz tinha se apagado, a alegria parecia distante e os olhos (os mais lindos que já vi) estavam sem o brilho de sempre. Tudo era escuro em você.
 Mas no meu sonho você estava ali. De volta. Você tirou as armaduras da guerra que você vive e veio nu. De alma lavada, sorriso leve, olhos falantes como quando te conheci e brilhando como nunca havia brilhado de uns anos pra cá. 
Tive a certeza que está feliz. E assim, estarei também. A minha culpa foi embora, assim como você. Assim como eu. Assim como nós.
E é estranho quando a gente ama e ama muito e é também amado, mas por destino ou escolha vive separado. Você de lá e eu de cá. 
E é estranho também perceber que mesmo distantes, estamos tão perto. Porque uma parte sempre fica. Você fica aqui e eu aí. Não sei qual parte deixei em você, mas a que deixou em mim é linda. É coisa rara, amor bonito. Fica guardada e escondida pra que ninguém ache, pra que ninguém tire de lá e leve embora. Então, entenda: o seu espaço aqui ninguém toma, nunca. Porque eu escolhi você pra ficar. Sempre.