A noite

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sexta-feira, 1 de abril de 2016

Eu te encontrei e me perdi



Tinha tudo pra ser um dia absolutamente normal. Tinha tudo pra ser uma festa absolutamente igual a todas as outras festas. Mas não era. Eu sabia que você estava lá. E saber isso me incomodava profundamente.
Incomodava porque assim que cheguei, instintivamente, eu só procurei seus olhos. 
Procurei seus olhos em todos os que passavam, procurei seu sorriso em cada sorriso que eu via. 
E foi então depois de tanto procurar que eu te achei. 
Você me olhou, eu te olhei. 
E me deu uma vontade louca de abraçar você... Sair correndo, te abraçar e ficar ali, assim, e esquecer do tempo. 
Esquecer das dores, dos desencontros, das incertezas. Esquecer o medo, meus erros, esquecer o que passou. Só ficar ali sem dizer nada. Ou dizer. 
Dizer que eu estava te procurando, todos esses anos e meses e dias que se passaram, voando. Dizer que estava com saudades, dizer que você é o dono de tudo que existe aqui dentro, dizer que você me mudou pra sempre. Sim, você conseguiu isso. 
Dizer que sinto muito pelo caminho que escolhemos viver, dizer que eu não queria que tudo estivesse assim como está, dizer que se eu pudesse eu voltava atrás e te traria de volta, pra sempre. 
Mas eu não disse nada disso. 
Por um milhão de motivos, eu só disse um oi seco e dolorido, daqueles que arranham a garganta da gente.
É que sua presença me incomoda, muito. Porque ela nunca vem sozinha... Ela carrega lembranças de um tempo bom que já estavam adormecidas, carrega sonhos que eu já tinha esquecido de sonhar, traz planos que eu já tinha deixado pra lá.
E é aí que a gente percebe que não se esquece alguém tão fácil assim. É assim que a gente percebe quem amamos verdadeiramente. Mesmo que negue, mesmo que suma, mesmo que cale, mesmo que siga em frente. Basta a inocente presença pra que o amor esbofete sua cara e te mostre quem é que manda aí dentro. Simples assim.
O amor é quem manda sempre, mas só obedecem os corajosos. 
Por sermos covardes, apanhamos na cara e fingimos não sentir a dor. Seguimos. 
Mas eu só quero que você saiba que o oi que eu te disse ontem guarda tudo que, por motivos óbvios eu não consegui dizer. 

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