É estranho como, as vezes, mesmo contra nossa vontade temos que partir. Seja de um lugar, seja de uma situação, seja de dentro de alguém... percebi então, de quantas coisas, lugares e situações eu tive que ir embora mesmo sem querer.
Seja porque era hora, seja porque existia um motivo relevante ou mesmo não tendo motivo algum aparente. É quando se tem a sensação de que é hora e não da mais pra ficar ali, mesmo querendo. É quando a gente quer ficar mas o cansaço nos impulsiona a seguir novos rumos e alçar novos voos. Só quem ja passou por situações semelhantes sabe do que estou falando: a arte de ir embora quando se quer ficar, de abrir mão quando se quer muito ainda, de deixar pra lá quando insiste em estar bem aqui. E quando eu digo arte é bem no sentido literal da palavra mesmo.
Porque nem sempre as pessoas entendem quando você se vai. Alias, elas quase nunca entendem.... Não é qualquer um que é artista. E por isso, fica difícil explicar.
É difícil fazer as pessoas entenderem que nem sempre quando se quer é a hora certa. É difícil elas entenderem que a gente tira o time de campo mas o pensamento ainda joga o tempo todo. E que, lidar com essa ambiguidade é também muito difícil.
É difícil pra elas entenderem que a gente segue a vida porque a vida também sempre segue , mesmo que a gente não queira.
E assim aconteceu comigo, aconteceu com você... Eu tive que seguir. Fui embora querendo ficar. Olhei tantas vezes pra trás. Pensei em voltar outras tantas, mas continuei andando. Sai sem rumo, sem saber onde queria chegar. Só sabia que não dava mais pra voltar. A gente sempre sabe. Eu sabia que não dava, você também sabia. Sempre soube.
Fui embora. Andei muito. E percebi nessas andanças que você me fez falta. Não que eu quisesse voltar... Até porque fazer o caminho de volta seria cansativo, pois eu olho pra trás e já não consigo achar você. Hoje vejo que andei muito, até mais do que deveria. Perdi a noção do tempo e agora estou longe...
Eu só queria mesmo que você pudesse ver através dos meus olhos tudo aquilo que vi desde aquele dia até hoje, queria te contar minhas histórias, falar dos lugares lindos que conheci, dos por-do-sol em que eu sentei pra ver e pensei em você e em como seria bom se estivesse ali comigo.
Falar que o mundo nem é tão mundo assim como eu pensava ser. Contar que conheci muita gente e que na maioria das vezes eu não andei sozinha. Mas, que ninguém se comparou a você ainda.
Mas isso pouco importa. Eu só vim mesmo aqui pra te dizer que eu não queria ter ido, mas fui. Pra te fazer entender que eu teria escolhido ficar se você tivesse me dado essa opção. Pra te contar que eu só fui porque você me permitiu ir embora. A gente sempre vai embora não é?
Você abriu a porta e eu não questionei, eu simplesmente fui. Ainda não parei. Penso que ainda nos veremos pelo caminho, afinal o mundo é redondo e nem é tão grande assim.
Então, uma hora ou outra a gente se encontra e se reconhece. E aí, quem sabe, te convido pra ver o por-do-sol e poderei te contar do meu caminho e dos meus silêncios. São muitos, espero que ouças.